quarta-feira, 8 de julho de 2015

HOMENAGEM.

                Se realmente alguem viveu um grande amor essa pessoa é Angela, aos 20 anos casou-se com André, um rapaz educado, gentil e com um futuro promissor.
                 Os dois entraram em um acordo e decidiram que assim que nascessem os filhos Angela deixaria de trabalhar e ficaria em casa, quando nasceu seu primeiro filho foi o que ela fez, deixou uma carreira promissora e optou em ser mãe, esposa e dona de casa em tempo integral, esse seria seu oficio.
                  E foi o que aconteceu, três lindos filhos, uma casa confortável, com o nascimento do segundo filho André presenteou-a com um carro para facilitar-lhe a vida, como ele dizia.
                  Ela era feliz, mas aos poucos percebeu que apesar do conforto, da praticidade de ter o seu próprio carro, de ter Lúcia, uma ajudante que vinha duas vezes por semana ajuda-la nos afazeres da casa, havia alguma coisa que não estava bem.
                  André estava distante, sempre ocupado, antes ele ia com ela as compras, participava empolgado nas escolhas, mas agora ela ia sozinha e quando pedia que ele fosse junto para curtirem como faziam antigamente, vinha sempre a mesma desculpa - " Estou cansado, comprei o seu carro para você se independer de mim, me deixe ficar aqui.
                   E eles foram se distanciando, os filhos deram o trabalho e as preocupações que todos os filhos dão,  foram para a Faculdade se formaram e um a um seguindo as suas vidas.
                   Quando Alicia a filha caçula casou-se e foi para outra cidade com marido, Angela pensou: Agora voltamos a ser só nós dois outra vez e iria tentar reconsquistar André e salvar seu casamento.
                     Matriculou-se em uma academia, pois dali a três meses fariam trinta anos de casados, queria estar bem.
                      Nesse tempo tudo continuou como sempre, André pouco falava, chegava tarde e sempre cansado.
                      Enfim chegou o grande dia, Angela foi ao cabeleireiro cortou e mudou a cor dos cabelos, em casa fez o melhor jantar, tudo o que André gostava ela preparou, o melhor vinho.
                       Depois de tudo proto teve tempo para se arrumar, tomou um banho demorado, usou um vestido novo provocante mas sem ser vulgar, colocou o seu melhor perfume uma leve maquiagem, olhou-se no espelho e ficou feliz com a sua imagem refletida nele.
                        Voltou para sala deu uma nova revisão em tudo, estava perfeito, com certeza André chegaria com um buque de rosas brancas suas preferidas, claro que ele não esqueceria do aniversário deles, lhe daria um beijo e elogiaria a sua beleza.
                         Ela ouviu o carro entrar na garagem, seu coração batia como se tivesse 20 anos outra vez, queria que aquela noite fosse inesquecível para os dois.
                         André entrou, não trouxe as rosas, não notou como Angela estava linda e feliz, não viu a mesa elegantemente arrumada para dois, o vinho, as velas, e não a beijou.
                          Entregou-lhe alguns papeis e pediu-lhe que assina-se, sem entender Angela perguntou-lhe do que se tratava, ele disse: são os papeis do nosso divorcio, quero me divorciar de você.
                            Angela teve que se sentar para não cair e perguntou-lhe porque?
                             Ele disse estar apaixonado por outra pessoa, uma executiva da empresa em que trabalhava, uma mulher inteligente, independente que não passou a vida inteira sem fazer nada, apenas cuidando da casa e dos filhos.
                              E como os filhos já haviam se casado não precisavam mais da presença do pai em casa.
                               Mas que ela não se preocupasse,  ele iria pagar-lhe uma pensão como aposentadoria por serviços prestados.
                                Angela ouviu e não teve reação nenhuma, pegou a bolsa, as chaves do carro e saiu, rodou a noite toda sem rumo.
                                 Voltou ao amanhecer, ele havia jantado e tomado meia garrafa de vinho, sobre a mesa os papeis e uma caneta.
                                  Ela assinou, já não chorava mais, foi até o quarto e o viu dormindo tranquilamente, colocou algumas roupas em uma mala e foi embora.
                                  Hoje rendo a minha homenagem a Doutora Angela, minha mãe e professora de direito em uma conceituada Universidade do Estado de Goias.
                                   Quanto ao meu pai, ... Bem o seu romance não durou muito, ele por muitas vezes quis voltar e reatar o casamento com minha mãe, mas sem mágoas e sem ressentimentos ela sempre lhe dá a mesma resposta.
                                   "" Desculpe, não tenho mais tempo para você, estou cuidando de mim.""


                                      Sílvia Pérola.    

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